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Entendendo as crises de preço na cafeicultura

As crises de preço na cafeicultura é um fato comum, sendo que a cada crise temos algum fato inovador ou mudança de comportamento. No geral a crise é fruto da velha lógica de oferta e procura do produto em questão, ou seja se há excesso de oferta o preço baixa e se há produto em falta o preço sobe e quando isso acontece o produtor logo aumenta o investimento nas lavouras existentes ou o plantio de novas lavouras e dentro de certo período a produção aumenta.

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As crises de preço na cafeicultura é um fato comum, sendo que a cada crise temos algum fato inovador ou mudança de comportamento. No geral a crise é fruto da velha lógica de oferta e procura do produto em questão, ou seja se há excesso de oferta o preço baixa e se há produto em falta o preço sobe e quando isso acontece o produtor logo aumenta o investimento nas lavouras existentes ou o plantio de novas lavouras e dentro de certo período a produção aumenta.

O preço alto estimula o setor a produzir mais tendo a ocorrência do efeito "manada", um fato novo é que dentro do novo processo tecnológico, num período menor de tempo teremos uma resposta de maior produção, em lavouras já existentes em dois anos após o investimento correto já se terá uma resposta de maior produção, da mesma forma em lavouras implantadas onde com 24 meses após o plantio é possível atingir produções superiores a 80 sc/ha.

Desta forma o incremento tecnológico na cultura do conilon está fazendo com que as oscilações de preço que anteriormente persistiam por mais tempo (tanto baixo como alto) sejam mais curtas, devido à dependência da tecnologia para a produção. Na tabela 1, temos o preço médio do café conilon corrigido pelo IGP-Di de fevereiro de 2010, compreendendo os preços médios anuais de 1995 a 2009.

Tabela 1: Evolução do Preço Médio do Café Conilon Corrigido pelo IGP-Di de Fevereiro 2010.

Figura 1
Fonte: Preços obtidos junto a COOABRIEL- Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel

Verificamos que num período de 15 anos tivemos oscilações consideráveis, mas as principais conclusões são as seguintes:

- Desvalorização real no preço do produto, quando corrigido os valores, ou seja o cafeicultor perdeu poder compra considerável com o valor de 1 saca de café;

- No período de 15 anos podemos considerar como crise os anos de 2001 e 2002;

- Recentemente os anos de 2007 e 2008 foram os anos de melhor preço;

- Temos uma desvalorização real em relação a 1995 da ordem de 50%, sendo que por outro lado a produtividade média dobrou, ou seja temos uma relação inversamente proporcional, o preço baixa à medida que a produtividade desce.

Verificamos que a partir de 2007 com os melhores preços, o incremento tecnológico e a facilidade de financiamentos agrícolas a região produtora de café conilon vivenciou alto investimento nas lavouras, bem como o plantio de novas lavouras mostrando a ocorrência do denominado efeito "manada", conforme mencionado anteriormente.

Outro fato que vêm ocorrendo no cenário comercial é a cada vez mais crescente monopolização no segmento das indústrias de torrefação e das empresas de varejo. Desta forma, temos muitos produtores e poucos compradores, o que ocasiona uma distorção de mercado. Por outro lado temos o segmento produtivo desorganizado, no caso do conilon capixaba somente cerca de 7 % da produção é comercializada através das cooperativas.

São muitas as mudanças com que os produtores têm convivido nos últimos anos, daí muitos podem estar se perguntando, como conviver com preços de mão-de-obra crescentes, necessidade de maior capital de giro, maior investimento nas lavouras e menor preço do produto? Buscaremos responder a estas questões no próximo artigo.
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Material escrito por:

Carlos Otávio Ribeiro Constantino

Carlos Otávio Ribeiro Constantino

Engenheiro Agrônomo formado na UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Atua como consultor técnico no Projeto Conilon Eficiente COOABRIEL.

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Carlos Otávio Ribeiro Constantino
CARLOS OTÁVIO RIBEIRO CONSTANTINO

MIMOSO DO SUL - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/04/2010

Prezado Alemar Braga Rena, agradeço pelo elogio quanto a analise e pelos questionamentos! No próximo artigo tratarei da questão de como sobreviver neste mercado cada vez mais difícil, usarei dados de custo de produção reais. Com relação a analise para o arábica, infelizmente ficarei devendo, pois não acompanho áreas de arábica!
Com relação a seu comentário sobre a renovação de lavouras no ES, o programa esta sendo para o arábica, no conilon ele ainda não ocorre, mas também é necessário!
Uma coisa que não comentei no artigo e que é interessante é o fato que como a lavoura é muito dependente de tecnologia, com o preço baixo o investimento diminui e logo temos uma produção menor, este efeito ocorre também num prazo de 2 anos. O que percebo aqui na região produtora é principalmente a redução de adubação. Vale salientar que o produtor de forma geral não possui números sobre seu negocio e sempre segue o "efeito manada", ou seja, todos investem e todos param de investir nas lavouras, salvo raras exceções.

Saudações.
Carlos Otávio
Alemar Braga Rena
ALEMAR BRAGA RENA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 05/04/2010

Carlos Otávio

Muito boa sua análise. Estranho que ninguém tenha ainda comentado. Deve ser pela semana santa. Gostaria de ver no seu próximo texto, como prometido, a mesma tabela, mas levando em conta uma estimativa dos custos de produção. Aí sim, as discrepâncias seriam ainda mais gritantes. Você não teria condições de fazer a mesma análise para o arábica?

Agora, apenas para meditação: O Espírito Santo, sem trocadilhos, está incentivando a renovação de suas lavouras, e acredito isto inclui o conilon. Tudo agora vem muito rápido, como você mesmo disse. Já imaginou esta ação associada ao "efeito manada" daqui a uns quatro anos?

Saudações
Rena