O preço alto estimula o setor a produzir mais tendo a ocorrência do efeito "manada", um fato novo é que dentro do novo processo tecnológico, num período menor de tempo teremos uma resposta de maior produção, em lavouras já existentes em dois anos após o investimento correto já se terá uma resposta de maior produção, da mesma forma em lavouras implantadas onde com 24 meses após o plantio é possível atingir produções superiores a 80 sc/ha.
Desta forma o incremento tecnológico na cultura do conilon está fazendo com que as oscilações de preço que anteriormente persistiam por mais tempo (tanto baixo como alto) sejam mais curtas, devido à dependência da tecnologia para a produção. Na tabela 1, temos o preço médio do café conilon corrigido pelo IGP-Di de fevereiro de 2010, compreendendo os preços médios anuais de 1995 a 2009.
Tabela 1: Evolução do Preço Médio do Café Conilon Corrigido pelo IGP-Di de Fevereiro 2010.

Fonte: Preços obtidos junto a COOABRIEL- Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel
Verificamos que num período de 15 anos tivemos oscilações consideráveis, mas as principais conclusões são as seguintes:
- Desvalorização real no preço do produto, quando corrigido os valores, ou seja o cafeicultor perdeu poder compra considerável com o valor de 1 saca de café;
- No período de 15 anos podemos considerar como crise os anos de 2001 e 2002;
- Recentemente os anos de 2007 e 2008 foram os anos de melhor preço;
- Temos uma desvalorização real em relação a 1995 da ordem de 50%, sendo que por outro lado a produtividade média dobrou, ou seja temos uma relação inversamente proporcional, o preço baixa à medida que a produtividade desce.
Verificamos que a partir de 2007 com os melhores preços, o incremento tecnológico e a facilidade de financiamentos agrícolas a região produtora de café conilon vivenciou alto investimento nas lavouras, bem como o plantio de novas lavouras mostrando a ocorrência do denominado efeito "manada", conforme mencionado anteriormente.
Outro fato que vêm ocorrendo no cenário comercial é a cada vez mais crescente monopolização no segmento das indústrias de torrefação e das empresas de varejo. Desta forma, temos muitos produtores e poucos compradores, o que ocasiona uma distorção de mercado. Por outro lado temos o segmento produtivo desorganizado, no caso do conilon capixaba somente cerca de 7 % da produção é comercializada através das cooperativas.
São muitas as mudanças com que os produtores têm convivido nos últimos anos, daí muitos podem estar se perguntando, como conviver com preços de mão-de-obra crescentes, necessidade de maior capital de giro, maior investimento nas lavouras e menor preço do produto? Buscaremos responder a estas questões no próximo artigo.